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PRECAVIDOS

Mudanças na previdência levam brasileiros a planejar alternativas para a aposentadoria

Autores: Bruno Presado, Mácio Amaral e Jade Katlen

Infográfico: Francisco Buarque

04/04/2019

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"PARECE QUE ENVELHECER É O CONTRÁRIO DE SOSSEGO"

- Andhréa Rocha

“Juntar os trocados, as moedas ou qualquer dinheiro que sobrava nas contas de casa nunca foi uma prioridade da família. Nunca tivemos a necessidade disso. Agora, não tenho renda de segurança. Só a casa própria. E hoje me arrependo. Parece que envelhecer é o contrário de sossego. A preocupação reaparece quando as contas vão chegando e o mercado de trabalho não se importa com isso”, conta Andhréa Rocha. Ela é o exemplo de que é importante se preparar para a velhice desde cedo. Aos 52 anos, a professora não tem perspectiva de aposentadoria para os próximos anos e, diante da provável reforma da previdência, vive no dilema de procurar um benefício para ajudar a pagar os débitos.

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Com ajuda dos filhos, Andhréa consegue abastecer o apartamento com alimentos básicos para aguentar o mês inteiro. Para economizar a pensão, que recebe do divórcio, ela passou a poupar a energia de casa com soluções sustentáveis. Usa a televisão no modo "sleep", que desliga após o tempo sem uso, e evita ligar todas as luzes à noite. Para melhorar a situação financeira, a educadora está organizando os documentos para dar entrada no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), e conseguir uma renda de um salário mínimo. “Não sabia que tinha esse direito como pessoa deficiente, só descobri depois de reportagens que lembravam do recadastramento dos beneficiários no CadÚnico”, explica.

Benefício de Prestação Continuada (BPC)

Entenda os pré-requisitos

01/

Ter a partir de 65 anos ou possuir alguma deficiência física ou mental

02/

Em caso de deficiência, comprovar impedimentos de no mínimo dois anos de natureza física, mental, intelectual ou sensorial.

03/

Renda por pessoa na família do beneficiário menor que um quarto do salário mínimo, correspondente a R$238,50 em 2018.

04/

Residir no Brasil.

A bolsa não dá direito a 13° salário e o segurado não deixa pensão por morte. Além disso, por se tratar de um benefício assistencial, o inscrito não precisa contribuir com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

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A previdência social é um sistema de proteção ao trabalhador que, após anos de atividade profissional, tem como carro-chefe o benefício da aposentadoria. Mas, o rombo nas contas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é um risco para quem planeja e deseja receber o privilégio no futuro. Para adotar a estratégia de melhorar a saúde financeira do sistema, a reforma previdenciária pretende apertar as regras atuais, como o aumento da idade mínima para o direito. Assim, muitos brasileiros estão procurando planos privados para se protegerem do déficit previdenciário e amenizar os efeitos sobre as finanças pessoas no futuro.

 

“Quando somos jovens, nunca paramos pra pensar na aposentadoria. É algo natural. A falta de preparo é o que mais complica na hora de buscar o benefício no INSS. O processo é demorado, cansativo e burocrático. Separei vários documentos profissionais para provar que estava no momento certo”, explica Maria Deuza Salgueiro, professora aposentada pela Prefeitura Municipal de Maceió. Por problemas de saúde, a educadora precisou trabalhar por mais dez anos em sala de aula para completar o tempo médio de aposentadoria pelo município, que é de 25 anos de atividade. Mesmo com agilidade no atendimento, depois que o INSS investiu em serviços tecnológicos, o processo de aposentadoria demorou um ano após análise dos documentos.

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Maria preferiu não investir na previdência privada por falta de planejamento financeiro. Segundo ela, o retorno seria baixo por causa do tempo de contribuição com o banco escolhido, mas, “é uma opção viável para ajudar com a renda extra nas contas de casa”. Aos 61 anos de idade, a aposentada não esconde o segredo para viver tranquilamente na aposentadoria. “É preciso cuidar da saúde, viver sem esperar a velhice, trabalhar sem exageros e guardar dinheiro na poupança. Isso ajuda na hora de juntar um patrimônio para desfrutar no futuro. Imagina ter uma casa, um terreno ou apartamento para alugar e complementar as finanças de casa? É uma maneira de ter uma saúde financeira confortável”, conta.

 

Observando o mercado de previdência privada atual, cerca de 12,5 milhões de pessoas já aderiram a essa modalidade, segundo a pesquisa da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). A mesma estimativa também apontou aumento de 7,64% na captação líquida de recursos por esses planos até 2016. No total, são R$ 52 bilhões alocados nesse tipo de investimento.

previdência privada

Ainda assim, pensar no futuro nem sempre remete a se programar financeiramente sobre como distribuir a renda. Com tantas mudanças no regime geral da previdência, se faz necessário pesquisar todos os métodos disponíveis para garantir uma estabilidade na terceira idade. A Previdência Privada é um plano de serviços que envolvem gestão de investimentos, planejamento financeiro e planejamento tributário, indicados para os contribuintes que desejam complementar a aposentadoria oficial - previdência social - ou atingir objetivos a longo prazo.

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Edilson de Sena é funcionário público, investe no fundo de previdência privada da empresa em que trabalha e não mudaria para uma pública. “No meu caso, eu não trocaria porque para cada valor que coloco na previdência, a empresa coloca também um valor igual. Além disso, é um fundo com larga experiência no mercado, bem consolidado e política de investimento experiente”, explica.

 

No caso de Edilson, a previdência é exclusiva para os funcionários da empresa - o que é comum em grandes corporativas - mas com pesquisa é possível achar bons investimentos para conquistar estabilidade e segurança mesmo quando não for mais possível trabalhar. E independente da escolha, se aposentadoria pública ou privada, o importante é tomá-la ciente de todas as alternativas.

O serviço é supervisionado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e o interessado pode fazer a consulta da relação de empresas credenciadas. Oferecido por seguradoras e vinculado ao governo federal, os planos auxiliam o contribuinte no planejamento de suas aplicações. Além disso, possibilita que o cidadão escolha a periodicidade e o valor que deseja contribuir, oferecendo a oportunidade de resgatar o valor investido caso desista do programa. Por exemplo, se você depositar R$ 500 mensalmente pelo período de 30 anos, o valor total dos depósitos será de R$ 180 mil após longo período de tempo. Mas, o montante resgatado será igual ao valor depositado mais os rendimentos do período.

Aqueles que querem apostar no seguro contratado ainda podem escolher entre dois métodos distintos, são eles: O Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Na primeira alternativa, o contribuinte pode investir mensalmente até 12% de sua renda e, ao final do ano, esse valor pode ser descontado do Imposto de Renda (IR). Por exemplo, uma pessoa que ganha R$10.000,00 e aplica R$1.200 em PGBL, o imposto de renda irá incidir sobre R$8.800,00.

Já na VGBL, o imposto incide apenas sobre o rendimento acumulado até o resgate do benefício, ou seja, sobre o ganho de capital. Isso significa que, ao declarar o IR, opta-se pelo desconto padrão de 20%, o que implica em abrir mão de outras formas de desoneração. Dessa forma, se o investidor aplicar R$1.000,00 e ao final de 1 ano tiver R$1.140,00 o imposto será cobrado sobre os R$140,00, que é o ganho acima do capital investido.

ESCOLHER O

PGBL OU VGBL?

Entenda qual o modelo de previdência privada indicado para você:

01/

RENDA

PGBL: Ideal para quem tem renda declarada

VGBL: Ideal para quem não tem renda declarada

02/

CONTRIBUIÇÃO

PGBL: Indicado para contribuintes do INSS

VGBL: Quem deseja aplicar mais de 12% da renda bruta na previdência

03/

IMPOSTO DE RENDA

PGBL: Usa o formulário completo de declaração do IR

VGBL: Usa o formulário simplificado do IR ou declaração de isento

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O economista Felippe Rocha explica como identificar qual o tipo de previdência privada indicado para a situação de cada contribuinte. “A PGBL é uma previdência privada para aqueles que recebem um valor, no salário mínimo, que já o faça contribuir com o Imposto de Renda e fazer a declaração completa do IR, e a VGBL é para aqueles que recebem até R$1900,00 e fazem a declaração simplificada ou até não precisam fazer”, informa.

Segundo Felippe, é necessário ter cautela na hora de fechar negócio. “Existem várias características da previdência privada que você deve estudar antes de tomar qualquer decisão, como taxa de carregamento, taxa de manutenção e descontos que são retidos pelos bancos ao final das contribuições”, orienta o economista, ressaltando que o plano não vale a pena para os que já chegaram na terceira idade, visto que a contribuição benéfica deve ser de pelo menos 20 anos.

 

O principal problema enfrentado pela população ainda é a falta de informação sobre os benefícios que a previdência complementar pode trazer na chegada à terceira idade. Para o corretor de seguros, José Lessa, no Brasil "você precisa procurar um corretor de seguros devidamente registrado na Susep [Superintendência de Seguros Privados] para não cair em roubadas. Infelizmente, há profissionais que oferecem qualquer tipo de pacote ou investimento para alcançar as metas do escritório. A maior dificuldade são as taxas de administração dos planos existente no mercado", explica.

 

"A reforma proposta pelo Governo Federal oferece um leque maior de opções para quem trabalha e quer optar pela previdência privada, ou complementar a renda social. Agora, os corretores vão entrar em um mercado que era atendido pelo Estado e pela União. Afinal, a maioria dos profissionais não estão se aposentando mais pelo INSS, mas, sim, pelo regime interno das empresas", avalia Lessa, sobre a cautela da população ao adquirir uma previdência complementar na indefinição do regime geral.

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Previdência privada?

É uma aposentadoria complementar ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). É um investimento, de longo prazo, em que você escolhe o valor da contribuição e a periodicidade que você irá aplicar o seu dinheiro.

Plano aberto ou fechado?

Os planos abertos são aqueles que podem ser contratados por qualquer pessoa. Já os planos fechados, chamados de fundos de pensão, são oferecidos pelas empresas apenas para os seus funcionários. 

Quais os tipos de privada?

Os planos de previdência privada estão divididos em duas categorias: VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) e PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre). A diferença básica entre essas duas categorias é a forma de tributação.

Existe um valor mínimo?

O valor da contribuição mínima varia de seguradora para seguradora. Algumas tem planos com contribuição mínima mensal de R$ 100,00 e outras R$ 1.000,00. Isso depende do tipo do fundo que você escolher.

 ANALFABETISMO É A CAUSA?

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017, o Brasil tinha uma taxa de 18,2% de analfabetos, isso significa que 11,5 milhões de pessoas maiores de 15 anos não sabiam ler nem escrever. O estudo mostra, também, a relação direta entre analfabetismo e idade: o número cresce entre idosos. No ano do estudo, entre as pessoas com 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo foi 19,3%, ou seja, mais de 2 milhões de pessoas. Os seis municípios com menos beneficiados por aposentadoria, no estado de Alagoas, são Paripueira, Jequiá da Praia, Jacuípe, Porto de Pedras, Messias e Japaratinga.

A mesma pesquisa revela que Alagoas se tornou o estado com maior taxa de analfabetismo no país. Ao mesmo tempo, o estado tem mais de 500 mil de beneficiários do regime geral de previdência social, o que corresponde a 16% da sua população total, sendo o 10º estado com o maior número de aposentados do país. A cientista política, Luciana Santana, explica que a escolaridade não interfere diretamente no número de favorecidos, mas, sim, questões estruturais do município, como o acesso à educação, saúde e oportunidades de empregos. 
 

“Antes de tudo, precisamos compreender o perfil dos beneficiados nas pequenas cidades, ainda em desenvolvimento, para traçar um grau de interferência pela falta de escolaridade. Em localidades com níveis baixíssimos de urbanização e falta de investimentos em pastas básicas, por exemplo, a quantidade de dependentes pode ser alta por cooperação da administração pública”, ressalta Luciana.

De acordo com o Jornal Nexo, em 2017, no Brasil, aproximadamente, 30% dos beneficiários recebiam o benefício por idade, 17% por tempo de contribuição, 10% aposentadoria por invalidez e 7% por ser portador de deficiência. Isso muda muito de acordo com a estrutura do município.

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FINANÇAS SEM SURPRESAS

Para a geração anterior que já está aposentada não era comum a visão de educação financeira ainda na adolescência. Atualmente, existem pais que desde cedo ensinam as crianças a lidar com dinheiro. Yasmin Wesley é uma dessas jovens, quando começou a entender a diferença entre as notas e moedas, seu pai começou a lhe ensinar a lidar com finanças. “Ele dava uma mesada e ensinava como planejar pra tentar fazer o dinheiro durar o mês inteiro. A ideia era que mesmo que a quantia acabasse antes, só receberíamos a nova mesada no mês seguinte. Então, a gente tinha que aprender com ele a administrar pra poder comprar nossos doces e figurinhas”, explicou a adolescente, agora com 15 anos.

Yasmin aprendeu cedo conceitos como fundo de emergência, poupança, pesquisa de preço, débito e crédito. Ela até pediu para o pai colocar o dinheiro que conseguiu juntar com os investimentos da família, para que tenha rendimentos no fim do ano, mesmo que pouco, como conta: “No começo era chato e não entendia porque tinha que aprender aquilo. Na minha cabeça, se meu pai cuidava das contas mais importantes, poderia cuidar das mais simples também. Agora eu fico feliz por poder aprender com pessoas que me amam e querem que eu viva bem quando crescer, esse tipo de coisa eu não vejo na escola. Claro que não sei de tudo e ainda erro em algumas coisas, mas já sei a importância de se planejar, em tudo”.

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Planejamento, consumo consciente e equilíbrio também são conceitos importantes para Isis Correia, jornalista e mãe da Ellis, de sete anos. De forma leve e respeitando sempre a idade da filha, ela busca aos poucos introduzir ensinamentos sobre dinheiro no dia-a-dia da criança. Apesar de nova, Ellis já conseguiu entender que precisa pagar para ter as coisas. “Tento estimular ela a ir pagar o picolé que quer na praia e observar o troco. Ainda estamos no processo de construção. Começou quando a gente ia a uma loja e ela queria comer um chocolate, por exemplo, e eu dizia que primeiro tinha que pagar. Ensino por meio de pequenos exemplos do cotidiano”, explica a mãe.

“Acho que é preciso ensinar a criança mas lembrar que ela é uma criança”, conta Isis sobre como o que os pais ensinam aos filhos influencia nos adultos que serão no futuro. “Eu espero que ela seja equilibrada quando crescer, que seja organizada financeiramente, tenha planejamento, mas que também não deixe de viver a vida para poupar ou só gerar grana, aumentar renda. Que ela desfrute de forma consciente os benefícios que o dinheiro pode dar sem perder seus valores e princípios”, salienta a jornalista.

Após vinte anos, de consultorias empresariais, a economista Josi Gomes decidiu transformar as noções sustentáveis em uma filosofia para ensinar crianças a base da economia, com linguagem lúdica e acessível. A partir de conhecimentos básicos, a “Coleção Consciente de Educação Financeira”, da editora CAB, estimula reflexões no uso consciente do dinheiro para formação de cidadãos comprometidos com os pilares de recursos vitais. O propósito da autora é garantir o acesso irrestrito à natureza para futuras gerações. “Minha filha é a fonte de inspiração. Quando nasceu, procurei oferecer a ela o que não tinha relação ao consumo. As crianças podem contribuir e entender a economia com medidas simples, com o uso racional da energia elétrica, da água, e ao se alimentar de comidas mais saudáveis. Nada futurístico, ou exagerado”, ilustra.

Nos livros e paradidáticos, a criança embarca em uma viagem para conhecer, através das histórias contadas por Júlia e sua família, a história do dinheiro, a origem da moeda, o valor das coisas e a diferença entre o caro e o mais barato. Quando a personagem cresce na narrativa, desde criança até a adolescência, Júlia aprende os desafios de investir, do consumo consciente de alimentos, noções empreendedoras sobre o primeiro negócio até a jornada para transformar a cidade em mais sustentáveis. No final de cada capítulo, Josi apresenta atividades que vai desde a interpretação de texto a práticas sobre os temas abordados em cada edição. “É uma metodologia baseada nos pilares da sustentabilidade, afinal, como vamos empreender sem agredir a sociedade?”, questiona.

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Para a coordenadora pedagógica, Meire Célia Lima, o planejamento escolar é indispensável para estimular o lado crítico e reflexivo dos estudantes. Uma maneira de ultrapassar as barreiras da informação e, a partir disso, oferecer uma troca de conhecimentos sem discriminar as experiências na sala de aula. Toda opinião é válida para agregar valor a qualquer tipo de conteúdo. Na escola Sesc, onde trabalha, o livro paradidático é uma ferramenta para expandir as estratégias de ensino “principalmente quando é aliado da aprendizagem significativa, que vai além dos conteúdos disciplinares dos livros didáticos e cópias preestabelecidas”, explica a pedagoga.

Meire não pensou duas vezes quando conheceu os livros educacionais da economista. Foi paixão à primeira vista. Ela organizou reuniões e debates com os professores da instituição para estudar a viabilidade de colocar o conteúdo em prática. Com a aceitação, a coordenadora começou a investir em projetos de educação financeira a partir dos estudantes do primário. O motivo é colocar a criança em contato com situações rotineiras, e pertencentes a vida adulta, para entender as reações. Desde 2018, dois projetos inspirados nas lições de Júlia foram desenvolvidos, como o “Educação para vida” e “Feirinha da matemática”. Para a coordenadora: “as crianças estão vivendo em um bombardeio midiático que estimula a compra de bens desnecessários para nossa vida. Uma criança consciente sabe identificar, fazer boas escolhas e contribuir positivamente com os gastos da família”.

A escola Agnus Dei também adotou o livro em sua grade de ensino. A coordenadora Betânia Leite conta que o livro de educação financeira tem sido usado como suporte de conteúdo pelos professores abordando o conteúdo programado, respondendo exercícios relacionados e indicando leituras extras. Segundo Betânia, o retorno tem sido positivo. “A educação financeira permite ao aluno ter um entendimento de questões ligadas ao uso correto do dinheiro, eles entendem que o salário dos responsáveis é importante e deve ser valorizado. Muitos aprendem a economizar e gastar melhor o próprio dinheiro, da mesada, por exemplo”, explica a coordenadora.

Segundo a autora do paradidático, a educação financeira está ligada às questões emocionais e culpas por sonhos sem planejamentos, que acabam frustrando, por isso é fundamental colocar os gastos na ponta do lápis. “Um jeito de acostumar a criança desde cedo, para essa realidade, é não criar um ambiente de consumismo dentro de casa. Não se prenda a isso. Faça as contas antes, compartilhe com os filhos, dívida as preocupações, respeitando a faixa etária. Busque atividades e brincadeiras que não precise ir ao shopping para comprar, por exemplo, mas não deixe de dar presente. Não compense sua ausência com objetos materiais”, observa a economista. Ela aconselha que a infância, a partir dos 5 anos, é a fase ideal para conduzir pequenos investimentos para ensinar o mundo financeiro. A vida é feita de etapas.

“Fazer uma reserva financeira desde cedo é essencial, seja qual for a quantia, para poupar e economizar. Você pode pensar em vários tipos de investimentos, como o tesouro direto, compra de imóveis ou, em casos mais tradicionais, na previdência privada. Isso vai depender da disponibilidade do dinheiro na sua cesta de investimentos. Os tempos evoluíram, desde a crise de 2008, e a educação financeira é uma necessidade comprovada”. Josi explica, ainda, que a maior causa de endividamento é a partir do uso de serviços financeiros incorporados na renda. Se você utiliza o cartão de crédito como uma via de pagamento, por exemplo, ou o cheque especial apenas para emergências está caminhando para o equilíbrio financeiro.

E mesmo quem opta por aderir a algum tipo de seguro precisa tomar alguns cuidados na hora de fazer essa escolha. De acordo com o corretor de seguros e diretor de ensino e tecnologia do Sindicato dos Corretores de Seguros e de Capitalização, Previdência Privada e de Saúde no Estado de Alagoas (Sincor/AL), Djaildo Almeida, aderir a um seguro requer atenção. “Escolha uma instituição financeira sólida e com tradição, informando-se sobre a empresa na Susep para saber se está registrada, bem como se o plano de previdência oferecido foi aprovado pela autarquia. Leia com bastante atenção todas as informações e cláusulas da proposta de inscrição e do regulamento do plano antes de assinar a adesão. A legislação determina livre acesso à cópia do regulamento e material explicativo. Esclareça todas as suas dúvidas antes de ingressar no plano.”, orienta.

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Djaildo afirma que os tipos de seguro que envolvem benefícios de risco - aqueles que precavêem risco de morte ou invalidez -, o cidadão deve observar quais são as exclusões de cobertura e os prazos de carência para o pagamento dos benefícios. “Verifique também qual a regra adotada para o caso de atraso no pagamento das contribuições, pois existem planos que adotam a suspensão da cobertura e outros que adotam a tolerância. Se escolher tolerar, a seguradora poderá pagar os benefícios mesmo durante o período de inadimplência do cliente. Se preferir suspender a cobertura, ela não cobrirá os eventos ocorridos. O critério adotado consta no regulamento do plano”, complementa.

Os critérios de reajuste das contribuições também devem ser analisados cuidadosamente. Ainda de acordo com o diretor, os planos de risco poderão prever em seu regulamento, além do reajuste anual pela inflação, que a contribuição terá aumento em função da mudança de idade do participante ou uma idade de saída para o participante: quando ele atingir a idade limite deverá deixar o plano, o que equivale dizer que estas coberturas são extintas. Abaixo, veja quatro dicas para você economizar no seguro residencial.

Mantenha um sistema de segurança

Detectores de fumaça são uma boa opção. Imóveis modernos normalmente já possuem o equipamento, mas a instalação de detectores em imóveis mais antigos pode baratear o preço do seguro.

Aumente o valor da sua franquia

Assim como ocorre com outros seguros, quanto maior o valor da franquia, menor é o valor do prêmio que você precisa pagar à seguradora.

Procure políticas de descontos múltiplas

Algumas seguradoras dão desconto a clientes que possuem seguros de diferentes objetos na mesma companhia, como um seguro auto e um seguro residencial.

Reveja as coberturas de sua apólice

Reveja as coberturas da sua apólice de seguro residencial pelo menos uma vez por ano e avalie se ocorreram mudanças na sua vida e no seu imóvel que possam reduzir o valor do prêmio.

O MEDO DA REFORMA

A partir do Impeachment, da presidente Dilma Rousseff, a reforma nas regras da Previdência Social virou prioridade no governo Temer que, para equilibrar os gastos públicos na pasta, planejava diminuir a disponibilidade do benefício com a nova idade mínima. Na época, ainda em 2016, o atraso nas contas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e serviços públicos saltou de R$ 77 bilhões - em 2008 - para R$ 269 bilhões. A partir disso, Temer preparou um projeto de raciocínio simples para segurar o déficit previdenciário: ou brasileiros se aposentam mais tarde, ou ganham menos. A tramitação da reforma de Temer foi suspensa pelo governo, em 2018, pela falta de apoio nas bancadas do Congresso, o que deu liberdade para candidatos à presidência preparem seu projeto para previdência social.

A preocupação com regras mais rígidas e menor possibilidade de aposentadoria fez o volume de buscas, em relação a reforma da previdência, bater o recorde perto dos primeiros anúncios da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, no dia 7 de dezembro de 2016. O projeto planejava alterar os planos de aposentadoria no país. As estatísticas de pesquisas, da plataforma Google Trends, revelam que as buscas para entender a PEC cresceram no calor das alterações e discussões sobre os caminhos do projeto. O ponto mais alto de interesse aconteceu no final de abril, de 2017, quando uma Comissão especial da Câmara aprovou o texto-base da reforma. Na época, uma pesquisa do Datafolha informou, também, que 71% dos brasileiros eram contra as novas regras.

 

Sem apoio constitucional, no Congresso, os debates esfriaram - junto com as consultas ao buscador - a partir do adiamento da proposta antes das eleições presidenciais em 2018. Desde o início de março, por exemplo, isso se refletiu no interesse da população pela temática, e as buscas relacionadas à reforma cessaram fortemente. Além do mais, o assunto perdeu destaque devido à intervenção federal no Rio de Janeiro, que tomou conta dos holofotes midiáticos e impediu que a PEC fosse votada no Senado até o fim das operações.

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Dias antes das eleições, a pauta voltou a subir lentamente nas pesquisas, tendo em vista as propostas dos então candidatos para a mudança. Mas foi na última semana antecedente à eleição do segundo turno presidencial, disputado entre Fernando Haddad (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PSL), que a previdência disparou nos índices de busca. Haddad e Bolsonaro divergiam nas propostas. O candidato do PT propunha um “sistema único de previdência” que convergia entre o regime geral da aposentadoria e o dos servidores públicos, além de rejeitar a resolução de Temer, afirmando que a reequilíbrio das contas da Previdência pode ser alcançado com a retomada da geração de empregos, formalização e aumento da arrecadação do governo.

 

Já Bolsonaro, eleito o 38º presidente do Brasil no dia 28 de outubro de 2018, apresenta propostas divergentes sobre o tema. Com exclusividade, o Estadão publicou uma matéria no dia 4 de fevereiro apontando um texto preliminar que deve ser encaminhado para aprovação do presidente até o fim do mês. Na proposta, a idade mínima para aposentadoria seria de 65 anos e válida tanto para homens quanto para mulheres, enquanto que o tempo mínimo de contribuição seria de os atuais 15 anos para 20 anos, com o recebimento de 60% do benefício. A cada ano, seriam acrescidos dois pontos percentuais até chegar aos 100%, com 40 anos de contribuição.

Após seis meses, e até o fechamento da reportagem, a professora Andhréa Rocha ainda não conseguiu ter acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou outro tipo de ajuda social para ajudar nos gastos de casa. "Com ajuda de uma assistente, guardei a documentação necessária, levei ao INSS e ainda não recebi o telefone para entrevista social e avaliação médica. Estou triste com isso. Tudo parecia rápido e prático, mas estagnou na análise. Ligo todos os dias, e a resposta é única: esperar", disse.

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